O ano de 2016 tinha tudo para ser um período de jubilosa festa para o povo brasileiro. Pela primeira vez o país, por meio da “Cidade Maravilhosa” ganhou o direito de receber os XXXI Jogos Olímpicos , que ocorreram no Rio de Janeiro entre os dias 05 e 21 de agosto e reuniram mais de onze mil atletas de 206 países.
Na Política, além das eleições municipais nas mais de cinco mil cidades brasileiras, houve o segundo impeachment de um Chefe de Estado brasileiro em menos de vinte e cinco anos, com o definitivo afastamento da presidente Dilma Rousseff em 31 de agosto desse olímpico ano.
Na Televisão, são reconhecidos talentos novos e brilhantes como o ator Sergio Guizé na dramaturgia e a cantora e compositora Marília Mendonça, premiada como a grande revelação da Música Popular de 2016.
Entretanto, o ano reservaria um amargo gosto de lágrima e de luto para o Brasil, com inimagináveis fatos, relacionados à Comunicação. Em 15 de setembro, às vésperas da comemoração do Dia Nacional da Televisão, falece prematuramente o grande ator Domingos Montagner, afogado nas sergipanas águas do Rio São Francisco, em sua folga durante a reta final das gravações da novela “Velho Chico”, grande texto do mestre Benedito Ruy Barbosa com esplêndida direção de Luiz Fernando Carvalho. A novela, que meses antes perdera, por causas naturais, o admirado ator Umberto Magnani, mais uma vez era macerada por tão trágico acontecimento, que quase vitimou também a atriz Camilia Pitanga, que fez de tudo para salvar o amigo e colega de elenco. Domingos Montagner, oriundo das artes circenses, teve grande destaque no teatro com a sua Companhia La Mínima, criada juntamente com o amigo Fernando Sampaio , bem como no cinema, em papéis marcantes. Para o Mestre Lima Duarte, ele já estava a altura de saudosos ícones como Sérgio Cardoso e Jardel Filho.
Nem bem recuperado de tão impactante notícia, o pais e o povo brasileiro choraram muito em 28 de novembro, com a queda do avião que levava a equipe de futebol da Chapecoense para a partida final da disputa da Copa Sul Americana de 2016. O fatal acidente em terras colombianas, vitimou setenta e uma pessoas, entre atletas, dirigentes, jornalistas, treinadores, convidados, tripulantes, radialistas, porém, milagrosamente seis passageiros sobreviveram a esse desastre aéreo de repercussão mundial. Os dias subsequentes à tragédia aérea foram de solidariedade, união e homenagens : o clube catarinense foi declarado Campeão e não foram poucos os gestos de preces, de tributo e de afeto à memória dos mortos e as famílias enlutadas, bem como todo o apoio médico aos sobreviventes que tiveram recuperação surpreendente, nos meses que se sucederam. Mas o Brasil jamais esquecerá de Deva Pascovicci, de Mario Sergio, de Paulo Clement, de Guilherme Marques, de Victorino Chermont e de t antos outros grandes nomes da televisão esportiva brasileira que pereceram naquele triste novembro.
O ano de 2016 ainda registraria dolorosas perdas, de causas naturais para a História da Televisão: Ivan Cândido, Flávio Guarnieri e Chica Lopes na teledramaturgia; Cauby Peixoto e Naná Vasconcelos na música; nos programas de auditório, Elke Maravilha; na direção televisiva, Fernando Faro e Goulart de Andrade; no Jornalismo, Villas Boas Correa, Geneton Moraes Neto e Teixeira Heizer; na intelectualidade, Dom Paulo Evaristo Arns, Sábato Magaldi e Ferreira Gullar; na comédia inteligente, Guilherme Karan; nos programas infantis, Orival Pessini (o eterno Fofão), e no Museu da TV, perdemos a colaboração de Cesar Monteclaro, Sergio Galvão, Mario Pamponet, Oswaldo Di Martino e Nelson Natalino, dentre muitos outros. Enfim, um ano bastante pranteado e de perdas sentidas em todo meio televisivo.
Em 24 de novembro de 2018, resgatando uma importante tradição de décadas, a Pró-TV –Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira (Museu da TV), mandou celebrar uma missa “in memoriam” destes pioneiros, artistas e personalidades que partiram entre fevereiro e dezembro de 2016, reunindo inclusive parentes a amigos dos mesmos na Paróquia Nossa Senhora de Fátima do Sumaré, na Cidade de São Paulo,tantas vezes frequentada pela sempre Presidente de Honra e saudosa atriz e radialista Vida Alves, a idealizadora desta iniciativa no Museu da Televisão . É uma forma bastante propícia de dar esperança e conforto as pessoas enlutadas, bem como recordar tantos colegas e admiráveis brasileiros que contribuíram com a história da Cultura, das Artes e do Pensamento, por meio de um veículo tão privilegiado como a Televisão. Com certeza a tristeza de um ano tão dilacerante, foi um pouco amainada pela saudade e pelas esperançosas preces e palavras ali ditas e para sempre reverberadas. Até um dia Amigos! Descansem em Paz!