Foi assim que a TV Excelsior deixou todo mundo de “queixo caído” quando em julho de 1968, no horário das 19h30, estreou “A Muralha”, uma brilhante adaptação de Ivani Ribeiro do livro homônimo de Dinah Silveira de Queiroz, com um grandioso elenco e uma produção primorosa, dirigida com maestria pela dupla Sérgio Britto e Gonzaga Blota.
Na época, “A Muralha” teve o maior investimento realizado por uma emissora em teledramaturgia: cerca de Cr$ 200 milhões mensais, com a construção de cenários e de cenas externas que até então a nossa televisão não havia experimentado.
“A Muralha” contava a história do Brasil ao narrar a Guerra dos Emboabas, uma disputa entre bandeirantes paulistas que conquistaram terras e minas e que tinham que preservá-las dos ataques de “estrangeiros” como baianos, sulistas e portugueses.
Ivani Ribeiro soube mesclar no enredo da novela, histórias de grandes amores com as batalhas incessantes entre os bandeirantes e os emboabas, e possibilitou à novela nos passar uma aula de história aliada a uma aula de dramaturgia.
As cenas externas foram intensas e muito bem dirigidas por Sérgio Britto, com até 400 pessoas servindo como figurantes, e o elenco deu um show à parte com interpretações marcantes de Mauro Mendonça como Dom Braz; Fernanda Montenegro (Mãe Cândida); Nathalia Timberg (Basiléia); Paulo Goulart (Bento Coutinho); Maria Isabel de Lizandra (Rosália); Stenio Garcia (Aimbé, o mestiço), Gianfrancesco Guarnieri (Leonel), Nicette Bruno (Margarida), Rosamaria Murtinho (Isabel), Edgard Franco (Tiago) e Arlete Montenegro (Cristina).
A novela permaneceu no ar até março de 1969 e deixou muitas saudades nos telespectadores. Ao contrário de alguns dramalhões exibidos até então, “A Muralha” chamou a atenção de homens e de crianças em idade escolar, um público que não era habitual à frente da TV para acompanhar uma novela.