Walter Canales nasceu em Birigui, São Paulo, em 22 de julho de 1920. Oriundo de tradicional família circense, os donos do Circo Teatro Oni, seus pais Albert e Conceição tiveram outros dois filhos que também trabalharam na TV Tupi de São Paulo, a atriz Cathy Stuart e o diretor Henrique Canales.
Pioneiro da TV no Brasil, logo no segundo ano da existência da TV Tupi, canal 3 de São Paulo, Walter Stuart é contratado para trabalhar diretamente por seu Diretor Artístico, Cassiano Gabus Mendes, e em 1952, é um dos fundadores dos Teleteatros com o “TV de Vanguarda”, idealizado pelo teatrólogo Walter George Durst.
O “TV de Vanguarda” inaugural versou sobre o texto “O Julgamento de Joao Ninguem”, uma adaptação do folhetim de suspense “The John’s Nobody Case”, de V.Sarr. Com direção de Dionísio Azevedo, teve um elenco estelar que já prenunciava o sucesso desta atração televisiva que ficou quinze anos no ar: Lima Duarte, Dionísio Azevedo, Maria Cecilia, David Neto, José Parisi, Francisco Negrão e claro o biriguiense Walter Stuart.
Muito versátil e talentoso, ele se destacou nos primeiros anos da Televisão e trabalhou com o amigo e parceiro artístico David Neto no programa humorístico “A Bola do Dia”. Walter Stuart foi um dos primeiros repórteres de variedades de nossa TV, fazendo entrevistas em eventos culturais com grandes personalidades para o programa da Tupi paulistana, “Momento Social”, com apresentação de Maria Edith Gabus Mendes.
Portanto, não foi surpresa a sua merecida conquista do Premio Roquette Pinto de Televisão no ano de 1952, em uma Categoria Especial, em virtude de uma gama tão grande e diversa de bonitos trabalhos na TV Tupi.
Nos anos 1960, surgem as telenovelas diárias e Walter Stuart, após ter sucesso com programas humorísticos próprios na TV Excelsior, canal 9 de São Paulo, como o famoso “TV Stuart”, estréia no primeiro folhetim diário brasileiro, a novela “Seu Único Pecado”, escrita por Dulce Santucci e dirigida por Dionísio Azevedo.
Na década seguinte trabalha na TV Cultura, em Teleteatros com Raul Cortez, Lilian Lemmertz e Antunes Filho e no Teatro contracena com o “Senhor dos Palcos“, Paulo Autran, no palco do Teatro Itália, enquanto no Cinema realiza um filme atrás do outro na década de 1970.
Em 1980, com o personagem Seu Chico, se destaca na novela “Plumas e Paetês” na Rede Globo de Televisão, escrita por Cassiano Gabus Mendes, que teve direção de Reynaldo Boury, com supervisão artística de Gonzaga Blota. Logo depois, em 1983, faz duas novelas em duas emissoras diferentes: é o Antonio de “Acorrentada” de Henrique Lobo com direção de Clayton Sarzy no SBT e é o Mister John de “Braço de Ferro” de Marcos Caruso com direção de Sergio Galvão, na TV Bandeirantes.
Na TV Globo, reencontrou no programa humorístico “Os Trapalhões”, o seu amigo Renato Aragão, com quem trabalhou na década de 1960 na Excelsior e na Record, e desta vez, sendo também colega de Dedé Santana, Mussum e Zacarias.
Nos anos 1990, seu último trabalho na TV foi no programa humorístico “A Praça é Nossa”, com apresentação de seu amigo Carlos Alberto de Nóbrega.
Em 1995, mais uma vez é pioneiro, ajudando ao lado de sua esposa, a também atriz Mora Stuart, a fundar o Museu da Televisão de São Paulo sob a liderança de amiga Tupíniana, a atriz Vida Alves, tendo sido o seu sócio de nº 43.
Infelizmente Walter Stuart não teve muito tempo para brilhar nesse novo trabalho em prol da memória televisiva brasileira: pouco tempo depois fica doente e falece em São Paulo em 11 de fevereiro de 1999, aos 78 anos de idade.
Seu filho, o ator e diretor Adriano Stuart, também foi um brilhante personagem da nossa TV, infelizmente também já falecido de forma precoce. E a irmã mais moça de Walter, Cathy Stuart, continuou por décadas, como membro da PRÓ-TV, chegando a fazer parte da Diretoria, sob a presidência de Vida Alves.
Viva Walter Stuart nessa oportuna celebração de seu Centenário.