Alexandre José Periscinoto nasceu em Mococa, no interior de São Paulo, em 08 de abril 1925. De família humilde, vem ainda menino, juntamente com os seus pais e os seus numerosos irmãos morar em São Paulo, no tradicional bairro do Belenzinho. onde realiza inclusive trabalhos rurais, pois a região do Belém, naquele tempo, ou seja nos anos 1930, ainda era considerada área periférica da capital paulista.
Nos anos 1940, trabalha em uma fábrica das Indútrias Reunidas Francisco Matarazzo, e depois faz parte da inicial equipe da loja de departamentos Sears, chegando no principio dos anos 1950 a chefiar o Departamento de Desenhos e Projetos da empresa.
Com 30 anos, em 1955, passa a trabalhar nas Lojas Mappin, onde pouco tempo depois é um dos organizadores do “Jornal de TV Mappin Movietone”, exibido na TV Tupi, o canal 3 de São Paulo, sob a direção jornalística de Ewaldo Dantas Ferreira, com a apresentação de Roberto Corte Real.
Nessa mesma época, Alex Periscinoto inicia a sua carreira profissional como publicitário, trabalhando na Agência de Propaganda Standard, fundada pelo publicitário Cícero Leuenroth em 1933, no Rio de Janeiro, mas que já se consolidava também em seu escritório paulistano, onde Alex trabalhou sob a direção de João Carillo. Foram tempos de memoráveis campanhas publicitárias, que ajudaram muito a Standard, a primeira agência de publicidade genuinamente nacional a concorrer “ombro a ombro” com as suas principais concorrentes, que eram empresas com sede nos Estados Unidos que tinham filial no Brasil.
Também nome fundamental na história da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de São Paulo, onde foi professor desde os anos 1960, ficou vinculado a essa universidade por varias décadas como o seu Conselheiro Decano, e ali formou gerações de publicitários. Nessa época, entra para a Alcântara Machado Publicidade, agência de propaganda fundada por José de Alcântara Machado, que tinha por sócio o publicitário Otto Scherb.
Periscinoto foi o responsável por comerciais de TV bastante premiados, talvez o mais importante deles seja o realizado em 1971, o célebre “Gerradeira”, que consistia num menino francês que após saborear um iogurte Danone, encerrava a sua fala pronunciando geladeira com forte sotaque da língua de Moliére. E no final daquele ano, essa propaganda foi eleita o Melhor Comercial de Televisão daquele ano, ganhando elogios da intelectual, romancista e critica de Televisão, Helena Silveira, que viria a ser colega de redação de Alex na Folha de S. Paulo nos anos 1980. Esse comercial foi o primeiro a ganhar o Troféu Imprensa, e em 19 de novembro de 1972, Periscinoto comparecia ao Teatro da TV Globo de São Paulo, para receber o seu Troféu Imprensa das mãos de Silvio Santos.
Homem íntegro e generoso, Alex Periscinoto ajudou muito a APAE de São Paulo na divulgação da tradicional Feira da Bondade, evento benemerente de grande repercussão no país inteiro, tendo levado muitos artistas como Hebe Camargo para participar desta importante obra de caridade liderada pela grandiosa Jô Clemente, a fundadora da APAE.
Nos anos 1990, ajudou a pioneira da Televisão Vida Alves a fundar o Museu da Televisão de São Paulo, sendo o seu sócio de nº 59. Sua presença desde a gênese da PRO-TV é motivo de grande orgulho para a historia de sucesso da Associação dos Pioneiros da Televisão Brasileira.
Foi também escritor, com livros publicados pela Editora Best Seller e colunista da Radio Jovem Pan (PRH-7), onde tinha belos textos no programa “O Bilhete do Alex”.
Faleceu longevo, em sua querida cidade de São Paulo, aos 95 anos, em 17 de janeiro de 2021, e foi sepultado no Cemitério Getshêmani, concluindo uma das trajetórias profissionais mais brilhantes que se tem noticia na Comunicação Publicitária.
Viva Alex Periscinoto, mecenas das Artes, da Museologia, da Televisão e do Pensamento!
Por Fábio Siqueira
