No último dia 21, nos 72 anos da novela brasileira, o MBRTV – Museu Brasileiro de Rádio e Televisão, anuncia novidades.
A data remete diretamente a Vida Alves, atriz que fez “Sua Vida Me Pertence”, a primeira novela, em que deu o primeiro beijo da TV em Walter Forster, na TV Tupi. Ela, junto dos pioneiros da TV, capitaneou a iniciativa de construir o Museu da TV, de 1995 até falecer em 2017.
Hoje o projeto é dirigido por Elmo Francfort, que esteve ao lado da pioneira por 17 anos, na antiga Pró-TV, associação que agregava profissionais de rádio e TV de todos os tempos.
“Com a morte da Vida e depois a pandemia, muitos acharam que tudo havia acabado, mas reiniciamos”, diz Francfort.
Em 2021, quando o acervo da Pró-TV lhe foi entregue, pela antiga diretoria da associação, tinha por objetivo achar a melhor destinação, além de seguir virtualmente com o portal
museudatv.com.br e suas redes sociais.
“Foi um verdadeiro chamado, que cheguei a relutar, mas aceitei”. Autor de diversos livros sobre rádio e TV, como “Gabus Mendes” e “A História da Televisão Brasileira Para Quem Tem Pressa”, Francfort, ao mesmo tempo em que era cobrado pelo futuro do acervo, recebia voto de confiança de parceiros e emissoras.
A virada de jogo se deu muito ao apoio do Centro Universitário Belas Artes, que abrigou o acervo a partir de 2022, em uma de suas unidades, na Vila Mariana.
“Hoje temos, no Núcleo Belas Artes, não só nosso centro de memória como o triplo do que existia de acervo”, completa Elmo. Com apoio de uma rede de parceiros e profissionais, mudou o modelo de negócio criando núcleos e tornando o Museu uma rede colaborativa de pontos de memória de rádio e TV.
A adoção do nome de Museu Brasileiro de Rádio e Televisão veio também nas mudanças. Agregaram o rádio, origem dos profissionais da TV, e adotaram a sigla “MBRTV”, que trouxe jovialidade. Criou-se também um conselho, cujo primeiro a aderir foi Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho), conselheiro de honra da entidade.
“Estou em conversa com as associações e emissoras, para um maior apoio, só que primeiro nós arrumamos a casa”. Os núcleos dessa rede permitiram manter a singularidade de cada instituição, para depois criar iniciativas conjuntas do MBRTV. Foram estudados os museus internacionais de rádio e TV, sendo alguns agora parceiros. O diretor acredita que o sonho de uma sede ainda maior aconteça, mas com muitas tratativas e planejamento, sem prejudicar nenhum parceiro.
Acervo exposto
Entre as vitórias, de 2021 para cá, o MBRTV tem diariamente recebido demandas de toda parte. As visitações ao espaço, ainda por agendamento pelo portal do Museu, estão com filas de espera devido a procura. Entre os materiais expostos, o primeiro videoteipe do país, televisores pioneiros, figurinos originais de programas e novelas, além de espaços instagramáveis ligados ao rádio e a TV. São mais de 100 mil itens no acervo.
Há curiosidades nunca vistas pela maioria da população: um medidor de audiência, doado pela Kantar Ibope, o roteiro de “Éramos Seis” (da TV Record) e o convite de inauguração da TV digital, em 2007.
Participação especial
Recebendo visitas semanais, das emissoras de rádio e TV, para produções e entrevistas, o espaço do MBRTV atendeu nesse ano todas as redes.
No Dia Nacional da TV, 18 de setembro, fez link ao vivo para rádio, TV e Internet, pela Jovem Pan, com a equipe do Pânico. Ajudou nos 70 anos da TV Record, na curadoria da exposição “Rádio: Emoção no Ar”, da Fundação Padre Anchieta, além de colaborar com as séries “Coleção SBT”, do +SBT, e “Tributos”, do Globoplay. Netflix e Star+ também estiveram por lá.
“Estamos de volta para o futuro”, brinca Francfort, honrando a memória da radiodifusão e de olho nas tendências da área.
Atualmente a equipe do MBRTV conta com 13 voluntários, que agora se empenham no projeto de digitalização de 100% do acervo, buscando parceiros para iniciativa, que democratizará milhares de itens.
Novos depoimentos
No processo de retomada, o MBRTV entrou em dezembro com novidades. Voltou a realizar a Missa em Memória aos Profissionais de Radiodifusão, cuja 26ª edição, aconteceu novamente no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no Sumaré.
Na última semana lançou o canal de Spotify do MBRTV, com playlists especiais, como as dedicadas aos programas infantis da TV e outra aos Festivais de MPB, da Excelsior e Record.
Além disso, retomou a gravação de seus depoimentos, cujo primeiro foi em 1998, com Blota Jr., hoje tendo uma coletânea de quase 200 gravações, de Arrelia a Fernanda Montenegro.
O primeiro depoente da nova fase foi o executivo Paulo Machado de Carvalho Neto, o Paulito, que contou sua história na Record, Manchete, Jovem Pan e instituições como ABERT e AESP.
Para Francfort, esse depoimento foi um desafio, pois Paulito teve de contar a trajetória do avô, do pai e de parte da família, uma das mais longevas na área. Paulito falou sobre compra da Rádio Record pelo “Marechal da Vitória”, os incêndios na TV e na torre do canal 7, a implantação da TV em cores e da televisão digital, além de memórias afetivas. A gravação, que aconteceu no último dia 15, no Núcleo Belas Artes, é a primeira das que mensalmente acontecerão.
Em 2024 muitas outras novidades virão. Para janeirocolaboraram com a SP1, da Globo, que falará do samba-enredo de “Águias de Ouro”, cujo tema é a história do rádio – em colaboração com a AESP. E no dia 25, na TV Gazeta, estarão na comemoração aos 54 anos do canal, ao vivo, no “Mulheres”. Isso é só o começo.
Serviço
MBRTV – Museu Brasileiro de Rádio e Televisão
Rua Humberto I, 927 (visitas agendadas pelo site), seg/sex, 10h-18h.
www.museudatv.com.br
[email protected]
(11) 5576-5744