Milton Gonçalves nasceu em Monte Santo, município localizado no Estado de Minas Gerais, em 09 de dezembro de 1933, com data de registro em 09 de janeiro de 1934. Filho de Bonfim Gonçalves e de Maria Vieira, vem ainda criança morar com os seus pais na cidade de São Paulo, no Bairro da Ponte Grande.
Moço inteligente, que chegou a trabalhar em uma livraria, na capital paulista, ingressou em 1956 no Teatro de Arena, convidado pelo saudoso cineasta Egydio Eccio, fundado três anos antes pelo teatrólogo Jose Renato e estreou interpretando o personagem Crooks na peça “Ratos e Homens” de John Steinbeck, com tradução de Brutus Pereira e direção de Augusto Boal. Esse espetáculo teve boa repercussão e Boal ganhou o Premio de Diretor Revelação concedido pela Associação Paulista de Críticos Teatrais, a atual APCA.
Em 25 de fevereiro de 1957, Milton Gonçalves estreou na Televisão fazendo esse mesmo espetáculo no “Teleteatro GM”, exibido pela TV Tupi de São Paulo. No ano seguinte, dirigido por José Renato, trabalha em novo teleteatro, no mesmo canal 3 paulistano, atração do ‘Grande Teatro Tupi”, a peça de Silveira Sampaio, “Só o Faraó tem Alma”, levado ao ar em 31 de março de 1958.
Estreou no Cinema Brasileiro neste mesmo ano, pelas mãos do premiado cineasta paulistano Roberto Santos, que o convidou para trabalhar no filme “O Grande Momento”, protagonizado por seu amigo do Teatro de Arena, Gianfrancesco Guarnieri, o criador da peça “Eles Não Usam Black Tie”, onde Milton interpretou Braulio. Três décadas depois viveu esse mesmo personagem na versão cinematográfica deste clássico, com direção de Leon Hirszman. O filme foi premiado no Brasil e no Exterior.
Em 1965, convidado pelo diretor Graça Mello, seu colega na TV Excelsior, o canal 9 de São Paulo, fez parte do primeiro elenco da TV Globo, o canal 4 do Rio de Janeiro, onde brilhou na novela “Rosinha do Sobrado” de Moyses Weltman, com direção do próprio Graça Mello, protagonizado pela atriz Marilia Pera. Foi a primeira de quarenta e nove telenovelas na Rede Globo de Televisão, sendo dez delas escritas por Dias Gomes, como o personagem Zelão das Asas de “O Bem Amado”, em 1973, com direção de Regis Cardoso e protagonizada por Paulo Gracindo.
No ano seguinte, interpreta Alegria em “O Espigão”, também de Dias com direção de Regis, e com o mesmo autor brilharia na década seguinte, no palco do Teatro João Caetano trabalhando na peça “Vargas”, também escrita pelo poeta Ferreira Gullar, com direção de Flavio Rangel, um dos grandes sucessos do ano de 1983.
Em 1974, conhece o ápice de sua gloriosa carreira cinematográfica de mais de cem filmes, ao protagonizar “A Rainha Diaba” de Antonio Carlos da Fontoura, que ganhou os quatro principais prêmios do Cinema Brasileiro daquele ano: Coruja de Ouro da Embrafilme; Governador do Estado da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo; Air France e o Candango do Festival de Brasilia.
Na década de 1980 dirigiu a Radiobrás e foi candidato a deputado federal para a Assembléia Nacional Constituinte, após ter se destacado como um dos locutores dos comícios do Movimento das Diretas Já no Brasil. Além disso, ganhou o Premio Estácio de Sá de Televisão em 1981, conferido pelo Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS-RJ) .
Em 15 de dezembro de 1998, concedeu um depoimento para o Museu da Televisão de São Paulo, tendo sido entrevistado por sua presidente, a atriz e apresentadora Vida Alves. Em 30 de dezembro de 2018, recebeu o Troféu Mario Lago no palco do programa “Domingão do Faustão”, apresentado por seu amigo e admirador Fausto Silva.
O grandioso e querido Milton Gonçalves faleceu no Rio de Janeiro, aos 88 anos, em 30 de maio de 2022, e seu velório ocorreu no centenário Theatro Municipal daquela cidade. Deixou um grande legado de luta pela Negritude, para a classe artística e para o povo brasileiro que ele tanto defendeu.
Viva Milton Gonçalves e a sua exemplar obra cultural!
Por Fábio Siqueira.